A hérnia de disco é uma condição que afeta a coluna vertebral e pode causar dores intensas e limitar movimentos. Muitas vezes associada ao desgaste natural do corpo ou a esforços repetitivos, a condição é mais comum do que se imagina.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), oito em cada dez pessoas no mundo já tiveram ou poderão ter o problema no futuro. No Brasil, dados do Ministério da Previdência Social mostram que a hérnia de disco foi a principal causa de afastamento do trabalho, com 51,4 mil beneficiários do auxílio por incapacidade temporária. Conheça mais sobre o quadro a seguir.
Hérnia de disco: o que é?
A hérnia de disco é uma condição que afeta os discos intervertebrais da coluna vertebral, estruturas que funcionam como amortecedores e impedem o atrito entre as vértebras, além de proporcionar flexibilidade à coluna.
Esses discos são compostos por uma parte externa mais resistente chamada de anel fibroso; e uma parte interna gelatinosa, o núcleo pulposo.
A hérnia ocorre quando o disco sofre desgastes, deslocamentos ou rompimentos. E, assim, aquela parte de dentro, o recheio gelatinoso, pode escapar pela capa e formar uma hérnia. Ou seja, uma protuberância que pressiona as raízes nervosas próximas, causando a dor e a limitação dos movimentos.
Tipos de hérnia de disco
As hérnias podem ocorrer nos discos no segmento cervical, torácico ou lombar na coluna vertebral. E também podem ser classificadas de acordo com a sua morfologia:
- Abaulamento discal: o disco se projeta de forma difusa, de maneira simétrica, mas ainda sem ruptura do anel fibroso. É mais comum e menos grave e habitualmente relacionado ao desgaste.
- Protrusão discal: forma de hérnia em que o núcleo do disco empurra o anel fibroso para fora, mas sem rompê-lo. A base da hérnia é maior que sua altura.
- Extrusão discal: o núcleo rompe o anel fibroso e extravasa para fora do disco. A base da hérnia é menor que a parte que extrui.
- Sequestro discal: parte do material extrudido se desprende completamente do disco e pode migrar pelo canal vertebral.
Possíveis causas para a hérnia de disco
As principais causas para as hérnias de disco são:
- Fatores genéticos;
- Envelhecimento;
- Falta ou excesso de atividade física;
- Má postura crônica;
- Carregar cargas pesadas e/ou realizar esforços repetitivos;
- Tabagismo;
- Obesidade.
É possível prevenir a hérnia de disco?
Sim, algumas medidas e mudanças de hábitos podem reduzir o risco de desenvolver hérnia de disco, tais como:
- Praticar atividades físicas regularmente, especialmente exercícios que fortalecem a região lombar;
- Manter uma boa postura ao sentar-se e ao carregar peso.
- Dar atenção especial à ergonomia no ambiente de trabalho;
- Evitar o excesso de peso corporal;
- Fazer pausas frequentes ao trabalhar sentado por longos períodos.
Sintomas de uma hérnia de disco
Os sintomas de uma hérnia de disco variam de acordo com sua localização e também com a gravidade da compressão dos nervos. Os mais comuns são:
- Dor intensa nas costas, na região lombar (hérnia de disco lombar) ou no pescoço (hérnia de disco cervical);
- Irradiação de dor, ou seja, pode irradiar para outras partes do corpo, como nádegas, pernas (dor no nervo ciático), ombros, braços e mãos;
- Formigamento e dormência nos membros;
- Fraqueza muscular;
- Sensação de queimação;
- Quando há compressão da medula espinhal, também pode surgir dificuldade no controle da bexiga ou do intestino.
Qual médico procurar?
Em casos de suspeita de hérnia de disco, o médico ortopedista ou o neurologista são os especialistas recomendados para avaliar o quadro, fazer o diagnóstico e orientar sobre o melhor tratamento.
Exames utilizados no diagnóstico da hérnia de disco
Além da avaliação clínica do paciente, para fazer o diagnóstico, o médico poderá requisitar alguns exames de imagem para confirmar o problema e sua localização exata. Os mais comuns são o raio-x, a ressonância magnética e a tomografia computadorizada.
Qual a melhor ferramenta para diagnóstico das hérnias?
A ressonância magnética (RM) é a melhor ferramenta para o diagnóstico das hérnias pelas seguintes características:
- Alta definição de imagem: mostra detalhes finos da anatomia dos discos e suas alterações, inclusive compressões na medula espinhal ou dos nervos.
- Sem radiação: diferente da tomografia ou raio-X, a RM não usa radiação ionizante.
- Multiplanar: permite visualizar o corpo em vários planos (axial, sagital, coronal) sem reposicionar o paciente.
- Diagnóstico precoce: detecta alterações muito pequenas ou iniciais que outros exames não captam.
- Maior sensibilidade para tecidos moles: ideal para avaliar lesões em nervos, medula, ligamentos, tendões, órgãos internos e vasos.
Formas de tratamento
Felizmente, a hérnia de disco é uma condição que pode ser curada em muitos casos: um estudo publicado no periódico científico New England Journal of Medicine mostrou que 90% dos pacientes com hérnia de disco apresentam melhora com o tratamento conservador (não cirúrgico) nos primeiros quatro meses de sintomas.
As abordagens terapêuticas incluem utilizar medicamentos para aliviar a dor e reduzir a inflamação, além de sessões de fisioterapia e RPG (reeducação postural global) para aumentar a flexibilidade da coluna e melhorar a postura.
O paciente também precisa se conscientizar e mudar hábitos, como evitar pegar peso de maneira inadequada e praticar atividade física regularmente (após o controle da dor e da inflamação).
Em casos mais graves, de acordo com o quadro clínico do paciente, a cirurgia de coluna pode ser necessária para remoção parcial ou completa do disco danificado (discectomia) e descompressão das estruturas nervosas.
Fonte: Dr. Patrick Catricala - Radiologista